Capítulo 8



No capítulo anterior, Valquíria cansou-se de ficar esperando e resolveu ir a pé. Enquanto caminhava, é perseguida por homens estranhos num carro preto, que a sequestram em seguida. Sandro, seu pai resolve ir buscá-la no colégio, mas chegando tarde, a única pessoa que vê é o diretor saindo para almoçar. Depois de conversar com o diretor, Sandro decidiu verificar se Valquíria já estava em casa. No hospital, o médico aparece na recepção e dá boas notícias a Ronaldo sobre o estado de saúde de sua esposa. Na casa de D. Vânia, Carlinhos, que não queria conversa nem com sua amiguinha Débora, desaparece após dirigir-se para o pé de limão, que ficava no quintal. No hospital, Ronaldo aproxima-se de Luíza e puxa conversa. Ao ser interrogada por Ronaldo sobre quem ela esperava ali na recepção, ela mente dizendo que é uma amiga que está internada. No final, depois de ser acalmada por Ronaldo, Luíza desabava uma série de coisas que a estão perturbando e deixa escapar ter atropelado uma pessoa. Ronaldo fica intrigado.


CENA 1 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ/RECEPÇÃO – INT./DIA
Zuleica levanta-se instantaneamente. Vai até o bebedouro e apanha um copo de água. Enquanto enche o copo, Ronaldo a observa imóvel. Ele se levanta em seguida e caminha até ela, tenso.

RONALDO
Este silêncio me incomoda, dona! Foi a senhora que atropelou minha mulher, não foi?

ZULEICA
Bem... eu... digamos que...

RONALDO
(Sacudindo a mulher)
Não me enrola, dona! Diga logo como isso aconteceu!

ZULEICA
O senhor está me machucando! Eu vou dizer como foi.

A Atendente se assusta com o nervosismo de Ronaldo. Ele solta Zuleica, mas fica encarando-a.

ZULEICA
Mas por favor, senhor Ronaldo, não pense que fui eu a culpada...

RONALDO
Ah! Claro que não! A senhora vai dizer que foi minha mulher que atropelou seu carro...

ZULEICA
Não é isso. Sua esposa estava atravessando quando o sinal abriu pra mim. Meu carro é automático. Eu soltei o pé do freio e ele foi. Nem deu tempo de ver a mulher atravessando.

O tom da discussão vai ficando cada vez mais forte. Detalhe para o rosto da Atendente que está espantada com a briga.

RONALDO
A senhora comprou a carteira, dona? Não sabe que a preferência é sempre do pedestre. E outra... Aposto que é uma daquelas que quando fecha o sinal, fica passando batom e depois sai com tudo, sem ver direito o que está na frente.

ZULEICA
Ora, o senhor não tem o direito de me ofender! O que nós temos que fazer é resolver essa questão.

RONALDO
Falou tudo agora! Resolver essa questão. A senhora vai usar uma poção mágica para curar a perna da minha mulher?

ZULEICA
Eu não acredito que o senhor está me chamando de bruxa!

A atendente sai do balcão para intervir.

ATENDENTE
Silêncio vocês dois! Parem com essa baixaria ou eu chamo os seguranças.

Ronaldo se acalma. Zuleica também.

RONALDO
Desculpa, mocinha. Vou tentar me controlar, mas esta mulher que está na minha frente quase matou minha esposa.

ATENDENTE
Está tudo bem com a esposa do senhor. Não ouviu o que o médico falou? Procurem resolver seus problemas lá fora ou em tom civilizado.

ZULEICA
Tudo bem, mas vou avisando que não é porque eu provoquei um acidente que vou ser ofendida. Se eu estou aqui até agora é para ajudar.

CORTA PARA:

CENA 2 – COLÉGIO GABARITANDO/SALA DO DIRETOR – INT./DIA
O diretor se acomoda em sua cadeira. O jovem está de pé. O diretor estende a mão indicando-lhe a cadeira. O rapaz agradece. Senta-se.

DIRETOR ANSELMO
Muito bem, rapaz. Você disse que tinha um projeto de informática para me apresentar...

JOÃO CARLOS
Meu nome é João Carlos, tenho 25 anos e tenho formação superior em criação de software. Ou seja, pesquiso, estudo e desenvolvo programas na área do entretenimento e relações sociais.

DIRETOR ANSELMO
Quer dizer, você cria games e sites de relacionamento. Pensei que fosse algo mais interessante. Aqui não é permitido aos estudantes entrar nesses tipos de sites.


JOÃO CARLOS
Bom, essa é minha especialidade. Não quer dizer que o senhor não possa me contratar, pois como o senhor deu a entender, tem laboratório de informática por aqui.

DIRETOR ANSELMO
Tem sim, mas já tem professor também. E é como eu lhe disse. Nosso laboratório é para uso de acordo com o conteúdo das aulas. E tem mais,quem decide essa coisa de contratação é o dono do colégio.

JOÃO CARLOS
(Levantando-se)
Tudo bem, Senhor Anselmo. Desculpe tomar o tempo da senhor. Vou deixar meu cartão. Se precisar de mim para algum serviço na minha área, é só ligar.

O diretor se levanta e acompanha o rapaz até a porta.

DIRETOR ANSELMO
Pode deixar. Se precisarmos, prometo que falarei com o dono sobre essa necessidade e aí entro em contato.

Antes de sair da sala do diretor, João Carlos não tira os olhos de uma mala enorme que estava num canto.

JOÃO CARLOS
Desculpa mais uma vez. Percebo que o senhor está de viagem e eu aqui o atrasando.

DIRETOR ANSELMO
Está falando daquela mala? (Ri) Não, meu caro. É a mala com as becas de formatura da turma do nono ano. Amanhã tem sessão de fotos.

JOÃO CARLOS
Ah, claro! Passar bem!

DIRETOR ANSELMO
Passar bem, jovem. E obrigado por trazer a mochila que encontrou na rua.

João Carlos sai da sala do diretor. Caminhando por um grande corredor, avista numa das portas a placa com a inscrição "Laboratório de Informática". Olha pela janelinha de vidro. A visão é de uma sala muito bonita, com diversos computadores de última geração dentro de caixas lacradas. Diz pra si mesmo.

JOÃO CARLOS
Acho que alguém mentiu para mim. Este laboratório nunca foi utilizado. Eu ainda vou trabalhar aqui.

CORTA PARA:

CENA 3 – RESIDÊNCIA DE SANDRO – EXT./DIA
Sandro está diante do portão de casa, de costas para o carro, estacionado na rua. O portão possui vãos estreitos de grade, é alto e é ladeado por muro também muito alto. A casa é bem grande. Tem dois andares e fica distante do portão. Na frente, um enorme jardim e várias árvores formam uma trilha até a entrada da casa. Sandro abre o portão. Procura no quintal. Dá a volta à casa. Para diante dos degraus que conduzem a uma varanda.

SANDRO
Que cabeça a minha! Se Valquíria perdeu as chaves, é óbvio que perdeu também a do portão. Ela deve ter ido para a casa de alguma amiga. Ou conseguiu falar com a mãe e pegou um táxi para o hospital.

Caminha pela trilha e alcança o portão. Saindo, tranca-o, aciona o alarme do carro, destravando as portas. Entra. Arranca-se em velocidade.

CORTA PARA:

CENA 4 – RESIDÊNCIA DE DONA VÂNIA – INT./FIM DE TARDE
Detalhe para a cara de desespero de Vânia. Menina Débora tem lágrimas nos olhos.

VÂNIA
(Tentando consolar a neta)
Não chore, minha querida! Vai ver que ele está escondido em algum lugar. É isso! Ele está brincando de esconde-esconde com a gente.

DÉBORA
Não é nada disso, vovó! A senhora sabe que ele fugiu. Não adianta querer me enganar.

VÂNIA
Tá bom, Débora! Você é uma menina muito esperta mesmo! Então ajude a vovó a pensar em alguma coisa que podemos fazer para encontrar o Carlinhos.

DÉBORA
Por que a senhora não liga o pai dele!

VÂNIA
Mas eu não sei o número.

DÉBORA
Então vamos lá no hospital. A senhora sabe onde fica o hospital, não sabe?


VÂNIA
Sim. Sei. Mas e se enquanto estamos indo eles estão voltando?

DÉBORA
Mas vó, a gente não pode esperar. E se o Carlinhos foi pra rua?

VÂNIA
(Olhando para o céu)
Ai, meu Deus! Eu não sei o que fazer. (Para a neta) Vem cá, querida! Vamos acender uma vela e pedir pra Deus ajudar que o Seu Ronaldo e Dona Vanderléia voltem logo.

DÉBORA
Mas... e o Carlinhos, vó?

VÂNIA
Vamos rezar pra ele também. (Para si mesma) O pior é que não sei como vou explicar pro pai o sumiço do menino.

Enquanto a avó rezava a menina procurava alguma coisa na mochila de Carlinhos.

DÉBORA
Vó! Achei o número do telefone da mãe de Carlinhos.

CORTA PARA:

CENA 5 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ – INT./FIM DE TARDE
Letícia chega ao hospital. Na entrada já avista o pai. Emocionada, corre e o abraça.

LETÍCIA
Pai! Como está a mamãe?

RONALDO
Fique calma, filha! Ela está bem. Só que ganhou uma bota branca novinha!

LETÍCIA
Ah, pai! E o senhor já descobriu quem foi o irresponsável que atropelou a mamãe?

Zuleica fica sem jeito. Disfarça e toma uma distância. Ronaldo ajuda a filha a se sentar.

RONALDO
Escuta filha! Não gostei nada do que você fez. Dei ordens para você ficar na casa de Dona Vânia, cuidando do Carlinhos.

LETÍCIA
Desculpa, pai, mas eu tinha que vir para cá. Carlinhos ficou bem com a vizinha. Ele gosta muito de brincar com a menina Débora.

Letícia percebe que Zuleica está olhando para ela a todo instante, sem se disfarçar.

LETÍCIA
Pai. Quem é aquela mulher que não para de me olhar?

RONALDO
(Falando baixinho)
A irresponsável que atropelou sua mãe.

Letícia vira uma fera.
LETÍCIA
Aaaaah, eu pego ela!

Ao levanta-se, é segura pelo pai. Zuleica se assusta.

RONALDO
Fica aqui! Já estou resolvendo isso.

LETÍCIA
Mas pai...

CORTA PARA:

CENA 6 – COLÉGIO GABARITANDO/SALA DO DIRETOR – INT./NOITE
Anselmo levanta-se de sua cadeira e se alonga. Está exausto. Caminha para a porta. Saindo pelo longo corredor vê o pátio vazio. Todos os funcionários já saíram. Alcançando o jardim vê apenas um gato que corre assustado.

DIRETOR ANSELMO
(Falando para si)
Fiquei tão distraído com o trabalho que nem vi a hora passar.

Caminha por um terreno em rampa que dá acesso ao estacionamento. Avista um única carro, o seu. Ao colocar a chave na porta, ouve um estrondo vindo de sua sala.

DIRETOR ANSELMO
(Falando para si)
Bem que eu devia ter espantado aquele gato pra rua. Deve estar fazendo o maior estrago lá no refeitório à procura de comida. (Pausa) Quer saber, Anselmo? Vai pra casa descansar. Resolve isso amanhã.

Antes de entrar no carro aciona o portão eletrônico de correr.

DIRETOR ANSELMO
(Falando para si)
Acho que eu não devia ter mentido para aquele rapaz. Devia contratá-lo. Mas como eu vou explicar para o dono do colégio, quando ele voltar da Suiça, que o laboratório nunca funcionou? Ele pensa que tem um professor trabalhando lá. Ele até comprou computadores moderníssimos. Que aliás,eu nem tirei da caixa.

Ameaça entrar no carro. Lembra-se de que deixou a pasta na sala. Fecha o portão. Sobe a rampa apressado, de volta para a sua sala.


CORTA PARA:

CENA 7 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ/RECEPÇÃO – INT./NOITE
O médico volta à sala de espera. Ronaldo e Letícia se levantam prontamente. Zuleica aproxima-se.

MÉDICO
Senhor Ronaldo, a enfermeira já está trazendo sua esposa. Poderão ir embora.

O médico entrega a Ronaldo um envelope com exames e a receita.

RONALDO
Minha nossa! Quanto remédio, doutor!

MÉDICO
E necessário, senhor Ronaldo. Pode pegar na Rede Pública.

Zuleica se adianta. O médico se retira.

ZULEICA
De jeito nenhum, senhor Ronaldo, faço questão de comprar os remédios.

RONALDO
Da senhora eu não quero nada, dona.

Vanderléia vem chegando numa cadeira de rodas, empurrada pela enfermeira. Tem a bolsa no colo.

VANDERLÉIA
Aceita Ronaldo! Muitos dos remédios dessa receita são caros e não tem na Rede Pública.

RONALDO
Mas... Foi ela quem atropelou você, amor!

VANDERLÉIA
Então, Ronaldo, é uma forma dela se desculpar.

Zuleica aproxima-se de Vanderléia.

ZULEICA
Por favor, me perdoe minha querida! Eu me distraí um instante com o carro e não vi a senhora atravessando.

VANDERLÉIA
Tudo bem, senhora. Eu também errei. Eu tinha que esperar. Não sabia há quanto tempo o sinal já estava fechado.

ZULEICA
Faço questão de dar uma carona pra vocês até a sua casa.

LETÍCIA
De jeito nenhum! Não ando com mulher barbeira.

O celular de Vanderléia toca. Ronaldo e Letícia vão até o bebedouro, enquanto Vanderléia abre a bolsa. Ela atende! Sandro entra correndo. Zuleica está de costas para a porta. Ela leva um susto.

ZULEICA
Que foi homem? Parece que viu assombração?

SANDRO
Zuleica! A nossa filha sumiu!

De longe Vanderléia grita para Ronaldo, que está bebendo água.

VANDERLÉIA
Ronaldo! O nosso filho sumiu!



AONDE VOCÊ ACHA QUE CARLINHOS FOI?
E QUANTO À VALQUÍRIA? AQUILO FOI MESMO UM SEQUESTRO?

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