No capítulo
anterior, Valquíria cansou-se de ficar esperando e resolveu ir a pé. Enquanto
caminhava, é perseguida por homens estranhos num carro preto, que a sequestram
em seguida. Sandro, seu pai resolve ir buscá-la no colégio, mas chegando tarde,
a única pessoa que vê é o diretor saindo para almoçar. Depois de conversar com
o diretor, Sandro decidiu verificar se Valquíria já estava em casa. No
hospital, o médico aparece na recepção e dá boas notícias a Ronaldo sobre o
estado de saúde de sua esposa. Na casa de D. Vânia, Carlinhos, que não queria
conversa nem com sua amiguinha Débora, desaparece após dirigir-se para o pé de
limão, que ficava no quintal. No hospital, Ronaldo aproxima-se de Luíza e puxa
conversa. Ao ser interrogada por Ronaldo sobre quem ela esperava ali na
recepção, ela mente dizendo que é uma amiga que está internada. No final,
depois de ser acalmada por Ronaldo, Luíza desabava uma série de coisas que a
estão perturbando e deixa escapar ter atropelado uma pessoa. Ronaldo fica
intrigado.
CENA
1 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ/RECEPÇÃO – INT./DIA
Zuleica
levanta-se instantaneamente. Vai até o bebedouro e apanha um copo de água.
Enquanto enche o copo, Ronaldo a observa imóvel. Ele se levanta em seguida e
caminha até ela, tenso.
RONALDO
Este
silêncio me incomoda, dona! Foi a senhora que atropelou minha mulher, não foi?
ZULEICA
Bem...
eu... digamos que...
RONALDO
(Sacudindo
a mulher)
Não
me enrola, dona! Diga logo como isso aconteceu!
ZULEICA
O
senhor está me machucando! Eu vou dizer como foi.
A Atendente se assusta com o nervosismo de Ronaldo. Ele solta
Zuleica, mas fica encarando-a.
ZULEICA
Mas
por favor, senhor Ronaldo, não pense que fui eu a culpada...
RONALDO
Ah!
Claro que não! A senhora vai dizer que foi minha mulher que atropelou seu
carro...
ZULEICA
Não
é isso. Sua esposa estava atravessando quando o sinal abriu pra mim. Meu carro
é automático. Eu soltei o pé do freio e ele foi. Nem deu tempo de ver a mulher
atravessando.
O
tom da discussão vai ficando cada vez mais forte. Detalhe para o rosto da
Atendente que está espantada com a briga.
RONALDO
A
senhora comprou a carteira, dona? Não sabe que a preferência é sempre do
pedestre. E outra... Aposto que é uma daquelas que quando fecha o sinal, fica
passando batom e depois sai com tudo, sem ver direito o que está na frente.
ZULEICA
Ora,
o senhor não tem o direito de me ofender! O que nós temos que fazer é resolver
essa questão.
RONALDO
Falou
tudo agora! Resolver essa questão. A senhora vai usar uma poção mágica para
curar a perna da minha mulher?
ZULEICA
Eu
não acredito que o senhor está me chamando de bruxa!
A atendente sai do balcão para intervir.
ATENDENTE
Silêncio
vocês dois! Parem com essa baixaria ou eu chamo os seguranças.
Ronaldo se acalma. Zuleica também.
RONALDO
Desculpa,
mocinha. Vou tentar me controlar, mas esta mulher que está na minha frente
quase matou minha esposa.
ATENDENTE
Está
tudo bem com a esposa do senhor. Não ouviu o que o médico falou? Procurem
resolver seus problemas lá fora ou em tom civilizado.
ZULEICA
Tudo
bem, mas vou avisando que não é porque eu provoquei um acidente que vou ser
ofendida. Se eu estou aqui até agora é para ajudar.
CORTA
PARA:
CENA
2 – COLÉGIO GABARITANDO/SALA DO DIRETOR – INT./DIA
O
diretor se acomoda em sua cadeira. O jovem está de pé. O diretor estende a mão
indicando-lhe a cadeira. O rapaz agradece. Senta-se.
DIRETOR
ANSELMO
Muito
bem, rapaz. Você disse que tinha um projeto de informática para me apresentar...
JOÃO
CARLOS
Meu
nome é João Carlos, tenho 25 anos e tenho formação superior em criação de
software. Ou seja, pesquiso, estudo e desenvolvo programas na área do
entretenimento e relações sociais.
DIRETOR
ANSELMO
Quer
dizer, você cria games e sites de relacionamento. Pensei que fosse algo mais
interessante. Aqui não é permitido aos estudantes entrar nesses tipos de sites.
JOÃO CARLOS
JOÃO CARLOS
Bom,
essa é minha especialidade. Não quer dizer que o senhor não possa me contratar,
pois como o senhor deu a entender, tem laboratório de informática por aqui.
DIRETOR
ANSELMO
Tem
sim, mas já tem professor também. E é como eu lhe disse. Nosso laboratório é
para uso de acordo com o conteúdo das aulas. E tem mais,quem decide essa coisa
de contratação é o dono do colégio.
JOÃO
CARLOS
(Levantando-se)
Tudo
bem, Senhor Anselmo. Desculpe tomar o tempo da senhor. Vou deixar meu cartão.
Se precisar de mim para algum serviço na minha área, é só ligar.
O diretor se levanta e acompanha o rapaz até a porta.
DIRETOR
ANSELMO
Pode
deixar. Se precisarmos, prometo que falarei com o dono sobre essa necessidade e
aí entro em contato.
Antes de sair da sala do diretor, João Carlos não tira os olhos de
uma mala enorme que estava num canto.
JOÃO
CARLOS
Desculpa
mais uma vez. Percebo que o senhor está de viagem e eu aqui o atrasando.
DIRETOR
ANSELMO
Está
falando daquela mala? (Ri) Não, meu caro. É a mala com as becas de formatura da
turma do nono ano. Amanhã tem sessão de fotos.
JOÃO
CARLOS
Ah,
claro! Passar bem!
DIRETOR
ANSELMO
Passar
bem, jovem. E obrigado por trazer a mochila que encontrou na rua.
João
Carlos sai da sala do diretor. Caminhando por um grande corredor, avista numa
das portas a placa com a inscrição "Laboratório de Informática". Olha
pela janelinha de vidro. A visão é de uma sala muito bonita, com diversos
computadores de última geração dentro de caixas lacradas. Diz pra si mesmo.
JOÃO
CARLOS
Acho
que alguém mentiu para mim. Este laboratório nunca foi utilizado. Eu ainda vou
trabalhar aqui.
CORTA
PARA:
CENA
3 – RESIDÊNCIA DE SANDRO – EXT./DIA
Sandro
está diante do portão de casa, de costas para o carro, estacionado na rua. O
portão possui vãos estreitos de grade, é alto e é ladeado por muro também muito
alto. A casa é bem grande. Tem dois andares e fica distante do portão. Na
frente, um enorme jardim e várias árvores formam uma trilha até a entrada da
casa. Sandro abre o portão. Procura no quintal. Dá a volta à casa. Para diante
dos degraus que conduzem a uma varanda.
SANDRO
Que
cabeça a minha! Se Valquíria perdeu as chaves, é óbvio que perdeu também a do
portão. Ela deve ter ido para a casa de alguma amiga. Ou conseguiu falar com a
mãe e pegou um táxi para o hospital.
Caminha
pela trilha e alcança o portão. Saindo, tranca-o, aciona o alarme do carro,
destravando as portas. Entra. Arranca-se em velocidade.
CORTA
PARA:
CENA
4 – RESIDÊNCIA DE DONA VÂNIA – INT./FIM DE TARDE
Detalhe para a cara de desespero de Vânia. Menina Débora tem
lágrimas nos olhos.
VÂNIA
(Tentando
consolar a neta)
Não
chore, minha querida! Vai ver que ele está escondido em algum lugar. É isso!
Ele está brincando de esconde-esconde com a gente.
DÉBORA
Não
é nada disso, vovó! A senhora sabe que ele fugiu. Não adianta querer me
enganar.
VÂNIA
Tá
bom, Débora! Você é uma menina muito esperta mesmo! Então ajude a vovó a pensar em
alguma coisa que podemos fazer para encontrar o Carlinhos.
DÉBORA
Por que a senhora não liga o pai dele!
VÂNIA
Mas
eu não sei o número.
DÉBORA
Então
vamos lá no hospital. A senhora sabe onde fica o hospital, não sabe?
VÂNIA
VÂNIA
Sim.
Sei. Mas e se enquanto estamos indo eles estão voltando?
DÉBORA
Mas
vó, a gente não pode esperar. E se o Carlinhos foi pra rua?
VÂNIA
(Olhando
para o céu)
Ai,
meu Deus! Eu não sei o que fazer. (Para a neta) Vem cá, querida! Vamos acender
uma vela e pedir pra Deus ajudar que o Seu Ronaldo e Dona Vanderléia voltem
logo.
DÉBORA
Mas...
e o Carlinhos, vó?
VÂNIA
Vamos
rezar pra ele também. (Para si mesma) O pior é que não sei como vou explicar
pro pai o sumiço do menino.
Enquanto a avó rezava a menina procurava alguma coisa na mochila
de Carlinhos.
DÉBORA
Vó!
Achei o número do telefone da mãe de Carlinhos.
CORTA
PARA:
CENA
5 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ – INT./FIM DE TARDE
Letícia chega ao hospital. Na entrada já avista o pai. Emocionada,
corre e o abraça.
LETÍCIA
Pai!
Como está a mamãe?
RONALDO
Fique
calma, filha! Ela está bem. Só que ganhou uma bota branca novinha!
LETÍCIA
Ah,
pai! E o senhor já descobriu quem foi o irresponsável que atropelou a mamãe?
Zuleica fica sem jeito. Disfarça e toma uma distância. Ronaldo
ajuda a filha a se sentar.
RONALDO
Escuta
filha! Não gostei nada do que você fez. Dei ordens para você ficar na casa de
Dona Vânia, cuidando do Carlinhos.
LETÍCIA
Desculpa,
pai, mas eu tinha que vir para cá. Carlinhos ficou bem com a vizinha. Ele gosta
muito de brincar com a menina Débora.
Letícia percebe que Zuleica está olhando para ela a todo instante,
sem se disfarçar.
LETÍCIA
Pai.
Quem é aquela mulher que não para de me olhar?
RONALDO
(Falando
baixinho)
A
irresponsável que atropelou sua mãe.
Letícia vira uma fera.
LETÍCIA
Aaaaah,
eu pego ela!
Ao levanta-se, é segura pelo pai. Zuleica se assusta.
RONALDO
Fica
aqui! Já estou resolvendo isso.
LETÍCIA
Mas
pai...
CORTA
PARA:
CENA
6 – COLÉGIO GABARITANDO/SALA DO DIRETOR – INT./NOITE
Anselmo
levanta-se de sua cadeira e se alonga. Está exausto. Caminha para a porta.
Saindo pelo longo corredor vê o pátio vazio. Todos os funcionários já saíram.
Alcançando o jardim vê apenas um gato que corre assustado.
DIRETOR
ANSELMO
(Falando
para si)
Fiquei
tão distraído com o trabalho que nem vi a hora passar.
Caminha
por um terreno em rampa que dá acesso ao estacionamento. Avista um única carro,
o seu. Ao colocar a chave na porta, ouve um estrondo vindo de sua sala.
DIRETOR
ANSELMO
(Falando
para si)
Bem
que eu devia ter espantado aquele gato pra rua. Deve estar fazendo o maior
estrago lá no refeitório à procura de comida. (Pausa) Quer saber, Anselmo? Vai
pra casa descansar. Resolve isso amanhã.
Antes de entrar no carro aciona o portão eletrônico de correr.
DIRETOR
ANSELMO
(Falando
para si)
Acho
que eu não devia ter mentido para aquele rapaz. Devia contratá-lo. Mas como eu
vou explicar para o dono do colégio, quando ele voltar da Suiça, que o
laboratório nunca funcionou? Ele pensa que tem um professor trabalhando lá. Ele
até comprou computadores moderníssimos. Que aliás,eu nem tirei da caixa.
Ameaça
entrar no carro. Lembra-se de que deixou a pasta na sala. Fecha o portão. Sobe
a rampa apressado, de volta para a sua sala.
CORTA PARA:
CENA 7 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ/RECEPÇÃO – INT./NOITE
O médico volta à sala de espera. Ronaldo e Letícia se levantam
prontamente. Zuleica aproxima-se.
MÉDICO
Senhor
Ronaldo, a enfermeira já está trazendo sua esposa. Poderão ir embora.
O médico entrega a Ronaldo um envelope com exames e a receita.
RONALDO
Minha
nossa! Quanto remédio, doutor!
MÉDICO
E
necessário, senhor Ronaldo. Pode pegar na Rede Pública.
Zuleica se adianta. O médico se retira.
ZULEICA
De
jeito nenhum, senhor Ronaldo, faço questão de comprar os remédios.
RONALDO
Da
senhora eu não quero nada, dona.
Vanderléia vem chegando numa cadeira de rodas, empurrada pela
enfermeira. Tem a bolsa no colo.
VANDERLÉIA
Aceita
Ronaldo! Muitos dos remédios dessa receita são caros e não tem na Rede Pública.
RONALDO
Mas... Foi
ela quem atropelou você, amor!
VANDERLÉIA
Então,
Ronaldo, é uma forma dela se desculpar.
Zuleica aproxima-se de Vanderléia.
ZULEICA
Por
favor, me perdoe minha querida! Eu me distraí um instante com o carro e não vi
a senhora atravessando.
VANDERLÉIA
Tudo
bem, senhora. Eu também errei. Eu tinha que esperar. Não sabia há quanto tempo
o sinal já estava fechado.
ZULEICA
Faço
questão de dar uma carona pra vocês até a sua casa.
LETÍCIA
De
jeito nenhum! Não ando com mulher barbeira.
O
celular de Vanderléia toca. Ronaldo e Letícia vão até o bebedouro, enquanto
Vanderléia abre a bolsa. Ela atende! Sandro entra correndo. Zuleica está de
costas para a porta. Ela leva um susto.
ZULEICA
Que
foi homem? Parece que viu assombração?
SANDRO
Zuleica!
A nossa filha sumiu!
De longe Vanderléia grita para Ronaldo, que está bebendo água.
VANDERLÉIA
Ronaldo!
O nosso filho sumiu!
AONDE VOCÊ ACHA QUE CARLINHOS FOI?
E QUANTO À VALQUÍRIA? AQUILO FOI MESMO UM SEQUESTRO?
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